domingo, 25 de setembro de 2016

PRODUÇÃO DE TEXTOS - LÍNGUA PORTUGUESA - VESPERTINO

O passado constrói o presente. Somos o que somos em virtude das tantas experiências que adquirimos ao longo da vida. Partindo das ideias da Olimpíada de Língua Portuguesa, a professora Dalila trabalhou, durante os segundo trimestre, com diferentes tipos de textos, dentre eles, a Memória. O resultado não podia ter sido melhor. Parabéns à professora pela iniciativa e à aluna por este belo texto. 


MEU PEDACINHO DE CHÃO (Memória)

NICOLE SILVA PETERS

    Naquele tempo eu era criança e tinha uns doze anos de idade. Morava numa simples fazenda chamada Fazenda dos Castros. Vivia lá desde que nasci, mas nesta época meus pais resolveram ir embora para u lugar que nem nome tinha. Isto foi por volta de 1962.

     Logo quando acabei de chegar, fiquei encantada, dei de frente com uma árvore linda, grande, com folhas todas rodadas. A beleza era tamanha, eu estava muito feliz, afinal eu num tinha ido neste lugar. Ele era simples, porém era muito lindo. Tinha árvores por todos os lados. Eram poucas casinhas, todas de tábuas e adobão. Ela se parecia com uma floresta, tinha muitos pés de frutas. Eram pés de manga, cajá, manjericão, graviola, goiaba  entre outras árvores que não eram frutíferas.

    Ah! Como era lindo. Para mim isso era só o começo eu ainda ia conhecer a casa que eu ia morar era uma fazendinha pequenina também.

    Meus avós eram proprietários de grandes alqueires de terra, quando eles faleceram ficaram todas as terras para meu pai, que era filho único.
Depois de papai ter ido morar com mamãe foram viver nas terras dele durante muitos tempos. Uns 4 anos por aí e tiveram 7 filhos. Só que do nada papai vendeu todas as terras, pegou o dinheiro e foi embora. Deixou minha mãe com 7 filhos para criar.

   Naquele tempo as coisas eram mais difíceis. Não tinha energia elétrica,nem sequer tinha velas, usávamos candeiros, mas as pessoas conhecem como lamparina. Também usávamos fifó, mas este aí, quase ninguém conhece. Não existia rádio. Eram discos que colocavam em um instrumento que até hoje não sei o nome. Era muito simples, mesmo assim só quem tinha, naquela época eram os mais ricos.

   Também não tinha água encanada, era cisterna. Quem não tinha cisterna, tinha que pegar água no rio ou pedir nas casas,mas muita gente não dava e ainda assim, quando dava era xingando. Como sempre só quem tinha eram os ricos.

   Não tinha essa de fogão a gás, cozinhávamos era  no fogão a lenha. Tínhamos que subir os morros para pegar lenha e fazer a comida. Como sempre os mais ricos tinham jegue. Traziam a lenha no jegue. Já nós pobres tínhamos que trazer nas costas mesmo, afinal, jegue era só para quem podia.
Teve um tempo em que as pessoas tinham suas posses de terra. Depois veio chegando os fazendeiros mais ricos e botavam os mais pobres para correr de suas terras.

  Lembro também que quando cheguei aqui tinha um senhor conhecido como Cana Braba. Ele morava ao lado de um lindo córrego chamado Córrego do Caboclo.
Curiosa para conhecer mais um lugar, eu fui conversar com ele e logo me disse que era um dos moradores mais antigos dela, ou seja, um dos primeiros.

  Cana Braba tinha um comércio que vendia carnes cozidas e fritas, carnes de vaca, galinha, porco, pato, galinha de angola, vendia também café entre outras variedades.
Com o tempo, devido a quantidade de pés de vinhático que tinha aqui, fez com que chamassem aqui de Vinhático.

   Cresci e fui criada aqui no Vinhático, tem 54 anos que moro aqui. As coisas evoluíram muito, mas ainda sim sou muito feliz.
(Texto baseado na entrevista com Joana Batista de Oliveira - 66 anos)

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