terça-feira, 11 de abril de 2017

DIA 14 MARÇO - DIA DA POESIA

A vida canta suas poesias, por meio de contos e versos que carregam em sua essência o gosto da luz. Luz que entra pelos olhos e sacia a alma com o calor das palavras. As cantigas que a Vida canta tem cheiro das aliterações, o ritmo das metáforas, o balanço das folhas ao vento e as cores da aurora. A cantiga que a Vida canta, nem todos sabem cantar. Somente os têm as lentes do aumento da curiosidade e busca entre as tantas palavras, as palavras que têm cheiro, sons, texturas, sabores e movimento, para rechear suas obras. Os olhos que filtram a essência das palavras criam mundos fantasmagóricos reais e imaginários que retratam nas composições o passado, o presente e o futuro. Trazer os alunos para o mundo dos versos foi o objetivo dos professores de Língua Portuguesa Adébio e Cleide com o Projeto de Poesia, que teve culminância no dia 17/03/2017, no turno vespertino. Assim, muitos dos alunos, motivados pelos autores consagrados também elaboraram e declamaram suas próprias poesias. Dentre elas também havia uma poesia sobre o distrito do Vinhático, escrito pela diretora Maria Nazaré. Parabéns a todos pela organização e realização deste evento.  

Aluna Larissa declama a poesia - Vinhático



VINHÁTICO
Uma mulher cinquentona
Que não perdeu sua graça
Nasceu do sonho italiano
Que para aqui trouxe sua morada.

De uma árvore grande e rara
Veio seu nome, pequeno lugar.
Vinhático seria um nome
Para a cidade onde iriam morar.

No meio da floresta exuberante
Madeireiros abriram as clareiras
Retirando de suas terras planas
Muitas carretas de muitas madeiras.

Nos tempos de sua história
De muita luta e erário
Sob um monte de destaque
Construíram o santuário.

Um padre chamado Celso
Grande líder religioso e popular
Uniu o povo na conquista
De uma cidade linda para morar.

Das festas da padroeira, no mês de maio,
O gado, a laranja, os ovos, o leitão,
O carneiro, o peru e a galinha assada,
Tudo era vendido em leilão.

A união trazia o progresso
 Escolas, banco, coletoria,
Lojas, casa das irmãs e tipografia
Mostravam à população seu sucesso.

Buscando também seu progresso
Outros povos aqui chegaram
O negro e o baiano português
Aos italianos, aqui se misturam.

O mineiro, o negro e o português.
Cada um com seu sonho dourado
Sustentar sua família com honradez
Neste distrito, que ainda encantado.

Assim, entre as matas que aqui haviam
O triste machado e fogo cantaram
Para abrir pastos para as crias
Muitas árvores derrubaram.

Da terra, seu vestido verde maravilhoso,
Aos poucos foi derrubado e queimado
Deixando exposto ao Sol impiedoso
Seu corpo nu e delicado.

O Córrego Caboclo que suas terras regavam
 Hoje se vê numa profunda solidão
Dos bichos e plantas que aqui moravam
Uma triste e silenciosa devastação.

Da grande revoada dos passarinhos
Ouvem-se os poucos canto e piados
Agora, sente-se mais sozinho
Entre as cercas, as roças e o gado.

As chuvas se tornam escassas
Trazendo para a vida a horrenda aridez
Sobrevivemos de empregos e vendas
Mas, o deserto já anuncia a sua vez.

O pequeno e o grande produtor
Que do chão tira seu sustento
Vê seu futuro incerto
Envolvido nos meses de seca.

Reflorestar e conservar o que ainda nos resta,
Da verde vegetação
Para que voltem as chuvas e as águas
Pode ser a solução.


Autora: Maria Nazaré Ribon Silva


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