A vida canta suas poesias, por meio de contos e versos que carregam em sua essência o gosto da luz. Luz que entra pelos olhos e sacia a alma com o calor das palavras. As cantigas que a Vida canta tem cheiro das aliterações, o ritmo das metáforas, o balanço das folhas ao vento e as cores da aurora. A cantiga que a Vida canta, nem todos sabem cantar. Somente os têm as lentes do aumento da curiosidade e busca entre as tantas palavras, as palavras que têm cheiro, sons, texturas, sabores e movimento, para rechear suas obras. Os olhos que filtram a essência das palavras criam mundos fantasmagóricos reais e imaginários que retratam nas composições o passado, o presente e o futuro. Trazer os alunos para o mundo dos versos foi o objetivo dos professores de Língua Portuguesa Adébio e Cleide com o Projeto de Poesia, que teve culminância no dia 17/03/2017, no turno vespertino. Assim, muitos dos alunos, motivados pelos autores consagrados também elaboraram e declamaram suas próprias poesias. Dentre elas também havia uma poesia sobre o distrito do Vinhático, escrito pela diretora Maria Nazaré. Parabéns a todos pela organização e realização deste evento.
Aluna Larissa declama a poesia - Vinhático
VINHÁTICO
Uma
mulher cinquentona
Que
não perdeu sua graça
Nasceu
do sonho italiano
Que
para aqui trouxe sua morada.
De
uma árvore grande e rara
Veio
seu nome, pequeno lugar.
Vinhático
seria um nome
Para
a cidade onde iriam morar.
No
meio da floresta exuberante
Madeireiros
abriram as clareiras
Retirando
de suas terras planas
Muitas
carretas de muitas madeiras.
Nos
tempos de sua história
De
muita luta e erário
Sob
um monte de destaque
Construíram
o santuário.
Um
padre chamado Celso
Grande
líder religioso e popular
Uniu
o povo na conquista
De
uma cidade linda para morar.
Das
festas da padroeira, no mês de maio,
O
gado, a laranja, os ovos, o leitão,
O
carneiro, o peru e a galinha assada,
Tudo
era vendido em leilão.
A
união trazia o progresso
Escolas, banco, coletoria,
Lojas,
casa das irmãs e tipografia
Mostravam
à população seu sucesso.
Buscando
também seu progresso
Outros
povos aqui chegaram
O
negro e o baiano português
Aos
italianos, aqui se misturam.
O
mineiro, o negro e o português.
Cada
um com seu sonho dourado
Sustentar
sua família com honradez
Neste
distrito, que ainda encantado.
Assim,
entre as matas que aqui haviam
O
triste machado e fogo cantaram
Para
abrir pastos para as crias
Muitas
árvores derrubaram.
Da
terra, seu vestido verde maravilhoso,
Aos
poucos foi derrubado e queimado
Deixando
exposto ao Sol impiedoso
Seu
corpo nu e delicado.
O
Córrego Caboclo que suas terras regavam
Hoje se vê numa profunda solidão
Dos
bichos e plantas que aqui moravam
Uma
triste e silenciosa devastação.
Da
grande revoada dos passarinhos
Ouvem-se
os poucos canto e piados
Agora,
sente-se mais sozinho
Entre
as cercas, as roças e o gado.
As
chuvas se tornam escassas
Trazendo
para a vida a horrenda aridez
Sobrevivemos
de empregos e vendas
Mas,
o deserto já anuncia a sua vez.
O
pequeno e o grande produtor
Que
do chão tira seu sustento
Vê
seu futuro incerto
Envolvido
nos meses de seca.
Reflorestar
e conservar o que ainda nos resta,
Da
verde vegetação
Para
que voltem as chuvas e as águas
Pode
ser a solução.
Autora: Maria
Nazaré Ribon Silva
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